Parabéns pelo filme! Pode nos contar como você se envolveu com ele? O que te atraiu no seu personagem particularmente? 

Fiz uma ligação no Skype com Craig Gillespie mais ou mesmo na mesma época que assisti Price of Gold, um documentário sobre Tonya Harding. Depois de ler o roteiro, fiquei bem animado com as possibilidades desse filme: o humor e honestidade dele e o quão trágicos esses personagens reais são – senti que era uma história importante de contar. Da perspectiva de um ator, Jeff Gillooly era um personagem complexo e eu fiquei curioso para descobrir a verdade atrás do homem, o que realmente aconteceu, e eu ainda nem tenho certeza de que descobri, mas valeu a pena o desafio.

Você conhecey Jeff e Tonya na vida real; como foi a experiência? 

Foi importante pra mim conhecê-los, Jeff em particular porque foi difícil achar qualquer coisa sobre ele além do escândalo envolvendo o “incidente”. Foi também muito importante pra mim de uma perspectiva técnica me informar como ele se move e como ele fala. Eu tive um senso durante nosso encontro de que ele teve uma educação difícil, e por mais caótica que a relação dele para Tonya tenha se tornado, existiu amor ali em algum ponto. Esse foi meu caminho de procurar alguma humanidade nele. Tentei dar uma visão no personagem com a ideia de que as pessoas podem começar com boas intenções, mas nem sempre ter, ou não conseguir mantê-las.

A relação de Tonya e Jeff era volátil e as vezes violenta. Como você se aproximou do personagem, sabendo como o público reagiria a ele? 

No início foi difícil porque eu não podia evitar julgá-lo, mas eu me dei a tarefa de procurar a humanidade nele além do que era dito. Eu queria chegar ao começo de tudo e explorar o início de Jeff e Tonya, entender quem ele era e o que o levou a fazer tudo aquilo. Conhecê-lo pessoalmente ajudou, porque me permitiu conectar o jovem Jeff com o cara atual, e comecei a montar um quebra cabeça da vida dele. Margot e eu trabalhamos cuidadosamente com Craig para procurar o amor por baixo de toda aquela dor e toxicidade. Queríamos entender tudo e mostrar o motivo de Tonya sempre voltar para ele.

Margot é uma atriz formidável. Como foi trabalhar com ela?

Amei trabalhar com Margot. Ela é extremamente generosa como atriz e carismática como produtora. Ela ama o processo de fazer o filme e eu fiquei extremamente impressionado em quão determinada ela estava de contar a história do modo certo. Ela foi minha âncora nisso, e eu não podia ter feito nada sem ela.

Como você responde ao movimento #MeToo? Como você descreve seu papel nele, como homem e como ator? 

Eu apoio o movimento. É incrivelmente corajoso e heroico de todas as mulheres que se pronunciaram e eu quero abrir espaço para isso, e honrar isso. Fico triste como homem e humano por tudo que li e aprendi, mas fico esperançoso que através disso poderemos expandir o conhecimento e aprender a nos comunicar entre si e aceitar uma mudança que já passou da hora de acontecer. Com sorte nós poderemos inspirar as futuras gerações de homens e mulheres através dessa auto-reflexão que estamos fazendo. Como ator, sinto que é meu dever espelhar o máximo que posso, e apoiar histórias que foram e ainda precisam ser contadas.

O que você quis dizer pelo seu discurso: “Agora é a hora, mais do que nunca, para rever o que a masculinidade quer dizer. A violência sempre tem sido, infelizmente, completamente incorporada no conceito de masculinidade, essa coisa de macho alfa. E é muito mais complicado que isso.”?

Acho que por muito tempo a ideia de um macho alfa foi romantizada e definida de um certo modo, com frequência envolvendo a violência, e é a hora de isso ser revisto. O que é um homem em 2018? O que é animador nos dias de hoje é que todos temos a oportunidade de ouvir e ver quais mudanças precisam ser feitas nos exemplos que queremos passar para os mais jovens. Acho que é tudo sobre ter conversa. Para mim, pessoalmente, masculinidade é sobre oferecer proteção, oferecer segurança, oferecer espaço, comunicação, ser vulnerável, nunca fazer os outros se sentirem errados pelo que sentem, e agora, mais importante do que nunca, sobre ouvir e aprender sobre como ajudar.

Fonte

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