TOTAL FILM – Conforme o Universo Cinematográfico da Marvel continua com sua expansão para as telinhas com Falcão e o Soldado Invernal, a Total Films se senta com Anthony Mackie e Sebastian Stan para falar sobre super heróis, spin-offs e o seu “bromance” competitivo.

O Universo Cinematográfico da Marvel tem passado por um hiato forçado após “Os Vingadores: Ultimato” e “Homem Aranha – Longe de casa”, por conta da pandemia, colocando uma pausa em lançamentos nos cinemas. Isso resultou em um 2020 sem filmes da Marvel, a primeira vez que isso ocorreu desde 2009.

Mas mesmo com os lançamentos no cinema ainda serem incertos esse ano (no momento da entrevista, ainda existe um debate sobre o lançamento de Viúva Negra em 7 de maio, como planejado), o UCM está de volta com tudo nas telinhas. WandaVision com seus episódios semanais renovou a obsessão e a curiosidade com o mundo vasto da Marvel e esse sentimento continua com Falcão e o Soldado Invernal.

Mergulhando mais profundamente nas duas personagens anteriormente apresentadas nos filmes do Capitão América, essa série de 6 partes deve manter o tom das aventuras das telonas onde Sam “Falcão” Wilson (Anthony Mackie) e Bucky “Soldado Invernal” Barnes (Sebastian Stan) vão lidar com muita ação, espionagem e um vilão familiar na forma do Barão Zemo interpretado por Daniel Bruhl, introduzido em Capitão América: Guerra Civil.

Os detalhes sobre a história ainda estão guardados em um mistério digno da S.H.I.E.L.D. mas já sabemos que os dois amigos – Vistos pela última vez juntos no funeral do Tony Stark em Vingadores: Ultimato, depois do velhaco Capitão América passou o seu escudo e identidade a Wilson- devem iniciar uma aventura global que desafiará suas habilidades – e paciência.

A Total Film conversou com os protagonistas em Janeiro, um pouco antes do lançamento do trailer no Super Bowl que bateu o record de maior lançamento de uma série de streaming, atingindo 125 milhões de visualizações em 24h. Pelo Zoom, Mackie se conecta de Nova Orleans (“A melhor cidade do mundo”), enquanto Stan conversa com a gente do Canadá (“O Canadá também é ótimo, Anthony”).

Junte-se a nós enquanto conversamos com o portador de uma armadura com asas e o soldado do exército – que virou um assassino que sofreu lavagem cerebral – que virou um aliado dos Vingadores para saber mais sobre a relação deles dentro e fora das telas, a sua competição e sobre o que esperar sobre a Marvel sendo “”modesta”.

O Falcão e o Soldado Invernal estão se dando bem ou existe um certo atrito entre eles?

Sebastian: Acredito que seja um pouco de cada, sabe? Tem um atrito e uma amizade e novas descobertas que levam a continuidade da história. São todas essas coisas juntas, e também provavelmente a Marvel vendo eu e o Anthony interagindo pelos últimos 4 anos e pensando “Talvez esses dois deviam passar mais tempo juntos..”.
Anthony: Para mim a melhor coisa da série é que eu não consigo pensar em pessoas mais opostas do que eu e o Sebastian. Você pode ver isso pelos tons terrosos aqui no meu cenário do Zoom, sentado aqui em um sofá confortável enquanto o Sebastian está em uma caverna de tijolos em algum lugar remoto..
Sebastian: Eu não posso revelar onde eu estou! Estamos em 2021, as pessoas podem me perseguir.
Anthony: É 2021, mano. As coisas estão diferentes, ele está em um bunker fazendo uma reunião do Zoom e eu estou aqui no meu sofá…

O que vocês podem realmente falar sobre a história? Como vai se conectar com Wandavision ou Loki?

Anthony: Eu só posso dizer que a nossa série é basicamente eu e o Sebastian fazendo nossas coisas e levando bronca todo dia no set – E o Kevin Feige tendo que punir a gente por sermos muito zelozos com os personagens.

Sebastian: Isso é verdade. Eu acho Wandavision muito interessante, é bem diferente das outras séries da Marvel e tem o seu próprio tom e seu próprio mundo. Eu acredito que também touxemos nosso próprio tom e ele se alinha com o que já foi visto na franquia do Capitão América – O Soldado Invernal, Guerra Civil – e eu acredito que temos uma visão mais “pé no chão” e confortável. É uma continuação da história e finalmente vamos ter mais tempo com esses personagens. Nós nunca tivemos o tempo para realmente entendermos de onde eles vem e explorar isso está sendo muito legal.

Pelo trailer parece que tanto o Falcão quanto o Soldado Invernal ganharam novas habilidades. Qual tipo de treinamento vocês tiveram que fazer para acompanhar essa mudança?

Sebastian: Eu acredito que o treinamento foi bem similar ao que sempre fizemos – mas uma das coisas que estou amando sobre essa série é que finalmente vamos ter tempo para desenvolver diálogos, e a questão psicológica que acontecem depois dos eventos de “Ultimato”. Fica tudo mais complexo, similar ao primeiro filme da franquia “Máquina Mortífora” que tem um tom bem mais pesado do que a gente lembra. Mas você realmente conhece o que eles realmente estão fazendo da vida, e você consegue entender o porque deles precisarem um do outro.

Anthony: Quando você tem um filme de 2h, 2h30 não tem como focar no desenvolvimento de todos os personagens do filme. Você consegue ver em WandaVision como eles recontextualizaram o que é um filme ou série da Marvel. Eu acredito que nossa série também seja assim. Quando você olha as particularidades dos personagens e o aspecto visual imagino que a Marvel vai realmente redefinir o que é possível se fazer na televisão.

Filmes da Marvel geralmente são grandes espetáculos nas telas do cinema. Vocês acreditam que a audiêcia vai ter a mesma experiência e impacto de acompanhar a série nos celulares ou na TV?

Anthony: A Marvel sempre foi muito boa em desenvolver histórias e personagens. Não é a toa que todo mundo chorou quando o Homem de Ferro morreu em Ultimato. Foi muito emocionante porque todo mundo tinha uma relação com aquele personagem. Rogers disse que ia apenas viver a vida dele e abriu mão do escudo, todo mundo tinha uma conexão com aquele personagem. A Marvel sempre teve a história e os personagens como prioridade, a ação foi uma consequência. Então com as séries, uma coisa que eu gosto de ver é que eles não se preocuparam com essa teatralidade do Universo Marvel. Eles não deram folga na questão da ação, só ficou mais balanceado e funciona melhor com a energia da sua casa.
Sebastian: Pense como as pessoas assistem Vingadores: Ultimato quando sair no iTunes. Existem várias formas de assisir as coisas – no celular, no seu computador, na Apple TV. Quando assitir nossa série não vai ter diferença de ver Ultimato, basicamente.

Vocês sentem falta da energia dos enormes super heróis do elenco de Ultimato?

Anthony: Não, a energia ainda e a mesma. Uma coisa boa de entrar na Marvel é a continuidade, e é por isso que o universo funciona a cada novo projeto e você consegue sentir a mesma experiência em cada filme- existe sempre essa continuidade em todos os setores de criação. Tem pessoas que passaram de 7 a 10 anos trabalhando para manter o mesmo sentimento, o mesmo tom. A habilidade de manter o tom é vital, pois quando você vê Guerra e Infinita ou Ultimato não consegue perceber que não estávamos juntos no set. São sempre 2 ou 3 atores ou diretores trabalhando, nunca houveram 700 mil pessoal juntas correndo para lutar.

Antes de começar esse projeto quais dúvidas vocês tiveram? E sobre o que conversaram quando se reencontaram?

Anthony: É sempre a mesma coisa. Eu, o Sebastian, o Chris (Evans), o Daniel (Bruhl), todos nós conversamos mesmo quando não estamos fazendo esses projetos. Não é como se a gente se desconectasse assim que eles gritassem “Corta!” e a gente não se vê até o próximo filme. Então a minha questão sempre foi com a qualidade pois era o meu maior medo, porque estávamos mudando da tela do cinema para a televisão e streaming, e geralmente isso causa uma diminuição na qualidade pois o orçamento é menor, você tem mais diretores e diferentes produtores. Mas depois de realmente ver, é impossível alguém dizer que a qualidade de WandaVision é pior do que qualquer filme da Marvel. As atuações do Paul Bettany e da Lizzie Olsen estavam incríveis e especialmente lidando com os diferentes períodos e estilos. Capturar isso tudo e ainda inserir dentro do universo da Marvel é incrível. O Paul e a Lizzie iniciaram esse novo estágio da Marvel.

Sebastian: O que foi bom sobre isso é que a Marvel entrou em contato com a gente e já disse “Olha, queremos entrar dentro do passado desses personagens e entender como eles estão agora”. O Capitão América se foi, talvez por agora, talvez não, mas de qualquer forma o que está acontecendo com eles? Como e onde eles estão? E eu acho que a minha maior preocupação foi pensar em novos aspectos desse personagem e ao mesmo tempo honrar tudo o que já fizemos para pagar tributos a história. Mas essencialmente tinha um tom que queriamos explorar entre nós de comédia, mas também tinha as questões mais sérias. Esses dois caras estão buscando pelas suas identidades de formas diferenças e eles tem isso em comum porém esse processo acaba fazendo eles colidirem como dois trens indo em direção um do outro. Então é sobre entender uma forma de trabalhar juntos e co existir nesse mundo, lidando com grandes temas que serão bem comparáveis ao ano de 2020 que vivemos.

Como foi gravar com as restrições do Covid-19?

Anthony: Foi difícil pois os sets sempre são muito sociais. Nós também somos muito sociais e o set é como uma comunidade e uma família. Então filmar durante o COVID foi muito difícil pois você tinha que se isolar de todo mundo que você trabalhava. Mas ao mesmo tempo todo mundo era muito focado em manter a segurança da nossa comunidade e isso nos fortaleceu.

Sebastian: Foi difícil, éramos testados todos os dias.. Mas não voltamos ao trabalho até ue tudo estava planejado e seguro o suficiente, e eu me senti mal por Praga. Eu me senti mal porque chegamos lá pela primeira vez em março e depois de uma semana tivemos que ir embora. Depois, quando pudemos voltar a cidade toda estava fechada. Então não pudemos aproveitar a cidade. A nossa série teve muitas localizades, não teve muita tela verde.

Vão ter paralelos entre o que acontece na série e o que acontece na vida real?

Anthony: Com certeza tem esses paralelos. Voltando em Ultimato quando o estalo aconteceu, bilhões de pessoas desapareceram. Agora essa série se passa depois do estalo e todas as pessoas reapareceram. Então tem essa ideia na série e na nossa sociedade onde estamos buscando onde se encaixar. E você vê isso não só na América como no resto do mundo. É engraçado porque fizemos essa série antes de tudo isso acontecer no final de 2019 e 2020 e os conflitos e histórias que vimos na série estão acontecendo agora na vida real. Foi estranho ver esses temas grandiosos tomando vida, foi um exemplo de que a vida imita a arte.

Sebastian: Eu senti que muitas cenas eram impactantes por conta do mundo que estamos vivendo (com o Covid) mas também com a situação política da América em 2020. Eu sinto que a série lança um mundo que falta liderança e direção. E agora chegando em 2020 que mostrou a falta de direção, liderança e até questões morais e de valor.. Todos esses temas estão muito vivos na série. Eu interpreto um personagem que se sente fora do momento e tem que se educar e aprender que coisas que ele aprendeu antes (da guerra) não se aplicam mais.

Sebastian, tem muito peso no seu histórico. Como você consegue manter a demanda física da série?

Sebastian: Eu sempre senti muita pressão pra me manter com uma certa forma e eu sinto que nunca consigo chegar lá. Tivemos muitas cenas na série que foram muito similares a O Soldado Invernal então tiveram muitas lutas com um estilo Bourne-esque, bem pé no chão, um a um. O Anthony teve muito mais trabalho porque ele também consegue voar mas o mais importante é se manter igual ao pessoal do dublê, pois eles são insanos.

Anthony: Eu sou muito competitivo! Então quando o sebastian chega com a sua cinturinha fina eu sinto que preciso dar uma melhorada. Então quando eu vejo ele correndo eu vou correr também. Quando eu vejo ele em um canto fazendo flexão, eu vou fazer flexão também. Então foi mais uma questão de competição. Quando estávamos fazendo Guerra Civil, a gente precisou correr por um aeroporto várias vezes enquanto estávamos lutando com o Homem Aranha e acabou virando uma corrida! O que você vê no filme não é atuação e sim a gente competindo. É uma das coisas que a gente força um ao outro. É um respeito mútuo que não é apenas físico mas também relacionado a talento. Eu acredito que esses dois personagens funcionam tão bem é porque estamos sempre nos incentivando a melhorar.

Por último, o que vocês estão vendo na TV para ajudar a lidar com a pandemia? Além de WandaVision, é claro.

Anthony: EU estou sempre vendo o Discovery ou o History Channel. Tem uma série muito boa chamada ” O homem que construiu a América”. E se você quer entender a situação da américa hoje em dia, deve ver essa série, pois ela mostra como o Oppenheimer, Rockerfeller, Chase e todas essas famílias subiram ao poder e literalmente viraram forças da natureza na América, então não tem como redistribuir a renda quando tem 6 pessoas conseguem comprar, vender ou controlar o ganho no país.
Sebastian: Eu ia falar que estou assistindo “Planeta Terra”, acho que preciso dar uma melhorada, meu Deus. Eu achei que assistir as tartarugas andarem da areia até a água era o suficiente. Mas eu perdi o trem.